7 de abril de 1924. Esta data não só revolucionou a história do Vasco da Gama, como também a história do futebol mundial e da sociedade. Neste dia em questão, o Cruzmaltino reforçou toda a natureza do seu gigantismo e optou por seguir o caminho mais difícil: lutar pelo que sempre acreditou. Prontamente contra às exigências da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) de exclusão dos atletas em desacordo com os “padrões morais” do futebol da época, por serem negros; pardos e de origens populares, o Vasco enviou a Resposta Histórica para a associação. No documento, o Clube se recusou a excluir seus atletas e comunicou que desistiria de fazer parte da nova liga, que tinha estabelecido tais condições após o título invicto conquistado pelos Camisas Negras em 1923.

100 anos depois, o preconceito ainda continua entre nós. E o Vasco da Gama reafirma a sua identidade, assumindo o compromisso contínuo de lutar contra e combater de frente todas as mazelas sociais. Buscando incessantemente Respeito, Igualdade e Inclusão. Para que, aonde quer que a Cruz de Malta esteja representada, esteja ali o símbolo de quem tem CORAGEM PRA LUTAR. Este registro celebra a memória daqueles que lutaram bravamente para que negros e operários pudessem jogar futebol, e perpetua o legado de glórias; lutas e vitórias do Vasco da Gama.

ENTENDA O CONTEXTO POPULAR DA FUNDAÇÃO DO VASCO DA GAMA ATÉ OS CAMISAS NEGRAS (1898-1923)

A conquista do Campeonato de 1923 foi um marco esportivo para o futebol brasileiro e um divisor de águas na evolução do esporte em nosso país. Essa façanha vascaína revoltou àqueles que monopolizavam os títulos e que comandavam o futebol na Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), principal associação de agremiações que praticavam esse esporte na então maior metrópole do Brasil. Nos primeiros meses de 1924, em resposta à ousadia do Vasco da Gama em formar uma equipe que representava a diversidade do povo brasileiro, ocorreu uma cisão que resultou na criação de outra liga, a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA). O Vasco foi convidado a participar dessa entidade e a princípio aceitaria entrar na nova liga. Porém, exigiram do Clube que excluísse 12 (doze) jogadores de suas equipes, 7 (sete) do primeiro quadro e 5 (cinco) do segundo quadro, pois, esses atletas estariam em desacordo com os “padrões morais” necessários para a prática do futebol. Nossos jogadores eram vistos como os “indesejáveis” do futebol.

Em resposta às exigências da AMEA, marcadas pelo racismo e o preconceito social, o então presidente vascaíno, José Augusto Prestes, emitiu um ofício comunicando que o Clube desistiria de fazer parte da nova liga, por não aceitar a exclusão de seus atletas e por “(…) não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consórcios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa”; (Ofício CRVG nº261, 07 de abril de 1924). A “Resposta Histórica” demarca uma postura institucional inequívoca do Vasco da Gama alinhada com as camadas populares e na defesa de um futebol democrático, sem preconceito racial/étnico e social.

OS DESDOBRAMENTOS: DA FUNDAÇÃO DE SÃO JANUÁRIO À RESISTÊNCIA DE 2023

A sequência dessa luta do Vasco por um futebol democrático foi a construção do estádio do Clube, uma demonstração incontestável da força desse colosso do esporte mundial, que mesmo possuindo um grande número de torcedores e já tendo sido campeão no Rio de Janeiro, era visto pelos rivais como um clube de menor importância, por não possuir uma arena esportiva. O Estádio de São Januário, inaugurado em 1927, foi construído com as mãos calejadas, o suor e o dinheiro dos vascaínos. Um verdadeiro templo do povo, que à época de sua inauguração era o maior estádio da América do Sul, com capacidade para 40.000 espectadores. O estádio do Cruzmaltino é uma obra monumental, que assim como a “Resposta Histórica”, materializa a conduta da agremiação vascaína de ficar ao lado dos seus atletas, enfrentando o racismo e o preconceito social. A realização desse grande feito, um marco para o esporte do Brasil, não seria possível sem a união da imensa colônia portuguesa do Rio de Janeiro com os milhões de brasileiros que aderiram ao Vasco da Gama em todo o país.

Em junho de 2021, no mês do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, o Vasco da Gama se posicionou de forma histórica contra a homofobia e transfobia. Além da publicação de um manifesto e um mosaico em São Januário, o clube também entrou em campo com uma camisa especial e única, com a tradicional faixa transversal nas cores do movimento LGBTQIAPN+ e também com um patch temático. Confira todos os detalhes clicando aqui.

Foto: Rafael Ribeiro

No centenário dos Camisas Negras, em 2023, o Vasco da Gama publicou um Manifesto para os Próximos 100 Anos, buscando reafirmar os valores de Respeito, Igualdade e Inclusão. Confira todos os detalhes clicando aqui.

Também em 2023, o Vasco da Gama vivenciou mais um capítulo de luta em sua história. Após ter a interdição de São Januário mantida por meses, com embasamentos de um depoimento preconceituoso, com argumentos seletivos e discriminatórios, o Clube publicou o “Manifesto pela Justiça e pela Dignidade”, ressaltando suas veias populares e também as comunidades que o abraçam: Barreira do Vasco, Tuiuti e Arará. Confira o manifesto na íntegra e saiba mais clicando aqui.

Foto: Matheus Lima | Vasco da Gama

Neste ano de 2024, a Resposta Histórica completa 100 anos. Desta forma, o Vasco da Gama realizará ao longo do ano inúmeras ações celebrando a memória e reafirmando seus valores nesta luta contínua. Este registro, também será atualizado de forma pontual sobre cada ação. Na data em que marca o aniversário, 7 de abril, além de inúmeros conteúdos nas redes sociais, a Resposta Histórica também será destaque em um anúncio no Jornal O Globo. Clique no banner abaixo e confira as informações sobre esta ação.

 

Fonte: vasco.com.br/respostahistorica

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