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Atrito entre Consórcio e Vasco faz com que o Governo avalie o futuro da concessão do Maracanã Terça-feira, 14/06/2022 – 02:29 O Vasco reclamou e protestou pela cobrança de aluguel maior para uso do Maracanã feito pela administração no jogo contra o Cruzeiro. A dupla Flamengo e Fluminense, que gere o estádio, rebateu que não poderia dar condições iguais ao clube pois é responsável pelo custos de manutenção. No final da linha, há uma discussão do poder sobre o uso do Maracanã no futuro.

Para explicar o contexto, desde 2019, o Flamengo tem um concessão provisória do Maracanã, com o Fluminense como interveniente. Há um processo de concorrência definitiva feito pelo governo do Estado em curso que ainda parece longe de conclusão.

Neste cenário, a administração do Maracanã – leia-se Flamengo e Fluminense – estabeleceu que o Vasco teria de pagar R$ 250 mil pelo aluguel do estádio, ainda teria de quitar R$ 130 mil em custos do estádio e não poderia ficar com receitas de bares. Ainda proibiu uma faixa sobre Respeito e inclusão do clube. Em seus jogos, a dupla Fla-Flu paga R$ 90 mil de aluguel e tem direito às receitas.

A diretoria do Vasco enviou seguidos ofícios à gestão do estádio questionando a decisão. Alega que, pelas condições acertadas na concessão, os gestores se obrigavam a dar condições iguais a outros clubes no uso do estádio.

É citado o artigo segundo da concessão, parágrafo 10o: “A permissionária deverá possibilitar a utilização em condições de igualdade pelos demais clubes de futebol profissional.”

Questionada, a administração do Maracanã nega que exista a obrigação de dar um aluguel igual para terceiro em relação à dupla Fla-Flu. Em nota, a gestão do estádio afirma que os dois clubes “têm direito legal e contratual de usar o estádio por qualquer valor ou mesmo de graça. Por outro lado, terceiros que desejem utilizar o estádio, sejam clubes ou entidades de administração desportiva, deverão pagar, em contrapartida à referida utilização, um valor que seja suficiente para suportar o enorme custo do Maracanã”.

Quando houve a concessão do Maracanã à dupla Fla-Flu, em 2019, houve a promessa, sim, de que os outros clubes teriam condições iguais de uso do estádio. E havia a previsão de um aluguel fixado em R$ 90 mil. O clube cruzmaltino apresentou as cláusulas que preveem essa condições, enquanto a dupla Fla-Flu não mostrou que isso foi retirado da concessão. Salvo nova informação, o Vasco tem razão nesse atrito específico. E a proibição de sua faixa com os dizeres “Respeito, inclusão e igualdade” não faz nenhum sentido.

Dito isso, o atrito atual tem como pano de fundo uma discussão maior que é sobre a concorrência definitiva do estádio, cujas regras já foram definidas pelo governo do Estado. Pela licitação proposta, haveria 70 partidas no Maracanã, o que só seria possível com três clubes. Ou seja, as condições impostas induzem aos três gerirem o estádio – Vasco já demonstrou interesse de entrar na disputa.

O problema é que 70 jogos no Maracanã tornam inviável a manutenção de um gramado razoável no estádio. Na prática, haverá um futebol precário praticado no campo.

E, sim, todos os clubes têm direitos iguais sobre o Maracanã – a festa da torcida vascaína no estádio no domingo foi bem bonita -, mas também têm deveres iguais. O Maracanã foi largado a própria sorte desde 2016 após a Olimpíada quando a Odebrechet parou de investir no estádio. Foi o Flamengo quem botou dinheiro para recupera-lo. Foi o clube rubro-negro que também agora, juntamente com o Fluminense, reformou o gramado.

É a empresa fundada pela dupla Fla-Flu que negocia camarotes e patrocínios para tornar o estádio viável. Para além dos jogos, o Maracanã tem uma despesa considerável de manutenção que será ainda maior considerando reformas necessárias na sua cobertura e outras modernizações – só a dupla Fla-Flu fez algo.

A realidade é que até agora o Vasco não investiu um centavo no Maracanã, seja de esforço seja de dinheiro. A diretoria do clube conversa com o 777 Partners sobre entrar na concorrência e não está descartada nem participar com o Flamengo e Fluminense – o atrito atual não causou uma ruptura. Mas até agora o clube mais falou do que fez algo de concreto pelo estádio. Se dependesse do Vasco, o Maracanã estaria em ruínas nesses seis anos.

A solução para o Maracanã é bem complexa. O gramado não comporta os jogos dos três clubes no estádio no número que eles desejam – o Vasco quer 15 a 25 partidas, Flamengo e Fluminense todos seus jogos em casa (de 30 a 35 cada). Só os vascaínos têm um estádio alternativo para partidas de menor público. E, ao mesmo tempo, é deficitário abrir o Maracanã para públicos menores do que 30 mil pessoas como ocorreu em alguns jogos recentes tricolores.

O atrito entre Vasco e a dupla Fla-Flu, portanto, é mais um capítulo de uma debate sobre o futuro do estádio. As regras atuais do governo do Estado para a concorrência não resolvem o problema, menos ainda a atitude beligerante dos clubes. O único caminho possível é sentar todo mundo à mesa e os lados buscaram concessões por uma solução comum. Ou vai sobrar nota oficial e faltar gramado no Maracanã.

Fonte: Blog do Rodrigo Mattos – UOL CompartilheClique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)Curtir isso:Curtir Carregando… Relacionado

Fonte: vasconet.com.br/2022/06/14/atrito-entre-consorcio-e-vasco-faz-com-que-o-governo-avalie-o-futuro-da-concessao-do-maracana

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